Análise Dourada Ω - Pt. 4: Schiller de Câncer

11/05/2015 22:24

Análise Dourada Ω - Parte 4: Schiller de Câncer
Por Boneco de Neve      

 

        Chegou a vez do "Cavaleiro da Ópera"... Ou seria o "Fantasma do Santuário"? Enfim, vamos falar agora de Schiller de Câncer, o Cavaleiro de Ouro que domina a morte e a criação.

 

Schiller de Câncer


        Falando na lata, Schiller é, na minha opinião, o segundo cavaleiro de Câncer mais bizarro de todos, perdendo apenas para aquela criatura morfética do Next Dimension que atende pelo nome de Deathtoll ou, se preferir levar pro português, Contador da Morte (e se eu for considerar o Máscara da Morte do filme "A Lenda do Santuário", Schiller teria a "sorte" de ser rebaixado pra terceiro). Ele apareceu apenas em dois episódios, mas sua personalidade e comportamento extravagantes foram fatores suficientemnte chamativos, isso tudo graças a sua "construção", que, ao meu ver, teve um pouquinho mais de esmero do que alguns outros cavaleiros de ouro, com altos toques de romantismo. É isso mesmo, romantismo. Por favor, não olhe torto pra esse detalhe, caro leitor; eu vou explicar. Eu menciono romantismo aqui no sentido literário. Falando de forma resumida, o Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico que surgiu no século XVIII e perdurou pelo século XIX. Falando de forma bruta, é o oposto do Iluminismo e do Racionalismo. Enquanto estes dois últimos valorizam o objetivismo e a razão, o Romantismo valorizavam o subjetivismo e a emoção. O Romantismo busca a satisfação de ideais próprios do indivíduo, nascidos de seus sentimentos, fantasias e ambições. Assim sendo, as obras literárias desse movimento eram cheios situações e personagens cuidadosamente idealizados, imersos em situações dramáticas e, algumas vezes, utópicos, especialmente amores impossíveis que geralmente terminavam em tragédias. Voltando ao Schiller, acredito que a partir de agora vai ficar mais fácil de entendê-lo, pois muitos dos elementos do Romantismo foram aplicados no nosso "dourado poético" e isso vai ficar evidente no decorrer do artigo.

        Pra começar, vamos falar das referências. Schiller possui duas grandes referências. Primeira: Vocês viram na parte 3 da análise dourada (Paradox/Integra) que Omega tem um monte de referências a Pretty Cure, não viram? Pois é, esta é a primeira referência: Barão Salamander, principal antagonista do filme da série Heartcatch Precure. Os dois tem uma aparência similar, com um cabelo castanho avermelhado, ondulado e uma máscara que recobre metade do rosto (apesar de serem metades diferentes um do outro; a máscara do Schiller cobre a metade direita; a do Baron Salamander, a esquerda).

 

Baron Salamander

 

        Por tabela, Schiller faz referência ao "Fantasma da Ópera", famoso romance de origem francesa que ganhou diversas adaptações cinematográficas.

 

Phantom of the Opera

(Pôster do filme "O Fantasma da Ópera", adaptação do romance homônimo feito em 2004)

 

        A segunda referência já é mais profunda ao meu ver e tem a ver com o nome do cavaleiro de Câncer. A origem dele é Johan Christoph Friedrich von Schiller, um nome bem conhecido na literatura alemã. Ele viveu no século XVIII e foi filósofo, historiador e, especialmente, poeta romanticista (além de ser representante do Classicismo de Weimar, um período no qual as obras faziam síntese de ideias iluministas e romanticistas). Só a titulo de curiosidade, Schiller se tornou uma grande influência inclusive no Brasil, onde as obras deles foram divulgadas por Gonçalves Dias, considerado o maior poeta do Romantismo aqui no País.

 

Friedrich Schiller

(Retrato de Friedrich Schiller, pintado por Ludovike Simanowiz)

 

        Voltando à análise do cavaleiro de câncer, Schiller teve uma vida conturbada desde o início. Quando menino, perdeu tudo por causa da guerra - uma situação recorrente em CDZ, inclusive em Omega: Yuna de Águia, sua principal adversária no desenho, também passou por isso (e, num caso fora de Omega, podemos citar Manigold, cavaleiro de Câncer em The Lost Canvas, o cara que seria capaz de andar na cachoeira de sangue num barril só pra zoar da cara de Hades). Assim como ela, Schiller teve que recorrer a pequenos delitos para sobreviver. Porém, ele não teve a mesma sorte da amazona, que ganhou uma chance na vida, dada por Pavlin de Pavão, amazona de prata. Schiller não ganhou essa segunda chance e, à medida que ele crescia, seus delitos se tornaram cada vez piores, indo ao ponto de assassinar a sangue frio pessoas que julgavam oferecer alguma ameaça a sua própria vida. Eventualmente, ele ouviu falar dos cavaleiros de Atena e decidiu treinar pra se tornar o cavaleiro mais forte. Embora não tenha chegado ao objetivo final até então, o treinamento garantiu ao menos a aprovação de Marte, que concedeu a ele a armadura de Câncer. A mando de Marte, ele criou uma torre luminosa, o Compressor de Sacrifícios, aproveitando o cosmo roubado de Aria. Nessa torre, ele prendeu todos os cavaleiros que se rebelaram a Marte e foram capturados. Todos, exceto o nosso pônei maldito, Kouga, e seus amiguinhos, que fugiram de Palaestra com Aria. O resto vocês já sabem: Ele ficou de guarda na Casa de Câncer na Nova Batalha das 12 Casas e recebeu a "visita" da Yuna e assim vai...

        A personalidade de Schiller é bem simples de entender, mas mesmo assim, é intrigante. Pra começar, consideremos o comportamento dele: Postura de aristocrata, além de muito teatral, a ponto de ser possível considerá-lo metrossexual. Levando em conta seu passado pobre, isso é até estranho. É bem possível que ele tenha almejado ser um nobre ainda na infância e também que ele tenha tido contato com diversos artigos culturais com o passar da vida, mas estas são algumas de várias possíveis explicações e, como a série não deu a menor bola pra isso, fica por conta do expectador para interpretar; o que realmente importa saber é que isso dá o seu característico trato de arrogância que ele usa para seus adversários. Aliás, um detalhe interessante que é digno de nota é o curioso hábito de limpar as mãos com um lenço durante o combate. É também uma demonstração de desprezo, pois, por considerar os seus oponentes imundos, tocá-los lhe causa asco. Pois é, bem esnobe; e eu ainda não acabei. Consideremos agora o motivo dele ter se tornado um cavaleiro. Sim, ele queria ser o mais forte, mas para quê exatamente? Simplesmente por achar que os fracos não têm vez. Alguém aqui já viu Samurai X (Rurouni Kenshin, no original)? Se viu, suponho que conhece Makoto Shishio, aquela múmia espadachim flamejante (Flamejante... Argh...). Lembrando dele, você lembra de mais o quê? Sim, a filosofia que ele seguia de forma ferrenha: Os fortes devem viver e os fracos, morrer - É um modo de pensar que aparece com frequência em várias histórias. Pois bem, Schiller também adotou essa filosofia para si e a seguiu durante toda a sua vida. Por causa disso, a força que ele ganhou com o tempo acabou por desenvolver um ego arrogante. Ele deixou isso bem claro na batalha contra Yuna, onde ele a olhava com total desprezo, especialmente por ela ser uma amazona de bronze. À partir daqui, eu pego um gancho pra falar do último detalhe que gostaria de abordar neste quesito, o qual é certamente o mais intrigante de todos: Schiller tem gosto de sentir o "aroma da morte" exalados por seus adversários. Não é tão absurdo considerando como ele é; ele é um fervoroso apreciador da morte... Dos outros. É, porque ele mesmo fica horrorizado ao imaginar ele mesmo morrendo. Parece irônico, mas considerando sua filosofia de vida e tudo pelo que ele passou, faz sentido que ele pense dessa forma. Pra você ver, "pimenta nos olhos dos outros é refresco"...

        Em termos de combate, Schiller difere dos cavaleiros de ouro de Omega e até dos cavaleiros de Câncer antecessores, pois, tendo ele asco de encostar nos seus adversário, ele consequentemente detesta lutas de curta distância ou corpo-a-corpo. Mas isso não o torna menos perigoso que os demais. Ele adotou métodos interessantes de lidar com os seus adversários sem precisar encostar neles, sendo o uso de cadáveres como marionetes a sua forma mais básica de dar conta do recado. Bem, ele se declara o mestre da morte e da criação; algo assim era de se esperar. Aliás, falando nisso, acho que devo fazer um pequeno comentário que envolve também a Paradox de Gêmeos. O "lado B" da Paradox (B de bolada) também se diz mestre da morte (além de ser também a mestre do ódio). Porém, pra Paradox, a morte é a antítese do destino, que é o que seu "lado A" domina (A de assanhada), ou seja, para ela a morte é o fim. Mas Schiller propõe a morte como um recomeço. Daí o uso de cadáveres. Mas, na verdade, Schiller não usa só cadáveres. Ele também é capaz de manipular pessoas em coma. Este era o estado dos cavaleiros capturados em Palaestra, os quais o prórpio Schiller comprimiu (com a ajuda do cosmo da mini petis de Omega, a adorável Aria) em um gigantesco pilar luminoso, o qual ele chama de Tumba Esmagadora. Foi exatamente o que ele fez com Komachi e Arne, as coleguinhas da Yuna, fazendo-as se voltar contra a própria. E através delas, Schiller executava uma técnica chamada de Declínio Infernal. Uma técnica tensa, primeiro por causa da forma como Schiller invoca a técnica: Com uma dancinha de líder de torcida; segundo, depois que as marionetes cercam o oponente, elas lançam uma grande rajada de cosmo sombrio que leva o pobre coitado pra cima, deixando-o cair em seguida; só que, enquanto ele cai, o coitado é afetado por uma ilusão, que faz parecer que ele está para ser tragado por almas penadas assim que chegar no chão. Isso tira a percepção espacial do adversário, fazendo-o se esborrachar bonito no chão. Escapar dessa técnica, porém, não é tão difícil; é só não focar na ilusão que ele consegue lidar com a queda facilmente.

 

Meido Choraku

(Tenso...)

 

        Mas é claro que essa mixaria de golpe não seria o único com que ele conta. Schiller, como todo bom cavaleiro de Câncer, também possui a famigerada técnica Ondas do Inferno. Todo mundo sabe o que raios esse ataque faz: Mandar o oponente em um passeio só de ida para a "varanda do capiroto" (a.k.a. Yomotsu Hirasaka) um lugarzinho "aconchegante" e "caloroso" (urgh...), onde as almas fazem fila indiana pra irem definitivamente ao mundo dos mortos. É possível, com esse ataque, mandar o oponente inteiro para lá, isto é, tanto o seu corpo quanto sua alma (embora, ao meu ver, isso contrarie o fato de que, ao entrar nas dependências de Hades, seria necessário ter o 8º sentido despertado, a menos que a colina do Yomotsu seja um caso à parte), como também seria possível mandar somente a alma do infeliz pra lá. Falando em Yomotsu, dois detalhes intrigantes: Primeiro, o Yomotsu não deveria existir em Omega. É só lembrar da batalha final de Atena contra Hades que vocês vão entender. Ao morrer, o deus dos mortos alertou que, se ele morresse, todos os seus domínios sumiriam junto com ele. E como a Yomotsu pertence aos domínios de Hades, ela também deveria ter desaparecido. Então, como ela continua inteira e "funcionando" como se nada tivesse acontecido? Em tese, não deveria, não é verdade? Enfim, fiquem livres pra desconfiar. Segundo: Um fenômeno intrigante que ocorre na colina é que aqueles que permanecem nela têm seus cosmos roubados o tempo inteiro e, por isso, ficam definhando indefinidamente. Schiller aprendeu a se aproveitar disso, tomando para si os cosmos daqueles que ele e Marte mataram. Assim, o cavaleiro consegue extender o seu próprio período de vida; isso sem contar também que o mero fato de ele ser um cavaleiro de ouro já garante uma vida longa (Vide Krest de Aquário), isto é, desde que não morra em combate, claro. Bom, isso só deixa mais evidente o quanto Schiller temia a sua própria morte.

        E falando em temer a própria morte, Schiller começou a se dar mal mesmo quando ele tentou jogar Kouga e Ryuho pra colina também, mas o cavaleiro de pônei maldito pégaso foi malandro e levou o canceriano junto consigo, poupando Ryuho no processo. Lá, Schiller quase foi fulminado por Kouga depois que este foi tomado pelo seu próprio cosmo de trevas (a ambientação da colina mais o deboche do canceriano em cima da Aria induziu Kouga a elevá-lo à contragosto). Ironicamente, ele foi salvo pela sua adversária, Yuna, que conseguiu fazer com que Kouga suprimisse seu cosmo negro, mas isso não deixou Schiller agradecido ou sequer aliviado. Ele ficou apavorado e, seguindo seu instinto insano de sobrevivência, resolveu matar Kouga, coisa que Yuna tentou impedir a todo custo. Foi então que Schiller usou suas técnicas mais agressivas. A Passagem ao Submundo é, pra mim, a técnica mais "pega-pra-capar" que ele exibiu: Basicamente, é um bola de cosmo que funciona como uma bomba de fragmentação. Ao usar em Yuna, ele a lançou para cima primeiro com essa bola, que se dividiu em projéteis menores quando ainda ia para o alto. Quando Yuna caiu, os projéteis gerados a acertaram em cheio e ainda causaram uma grande devastação. Isso deixou a amazona de Águia em estado crítico, mas, pro azar do Schiller, isso só levou Yuna a despertar o sétimo sentido. Vendo isso, Schiller resolveu apelar pra sua técnica mais forte, a Ciranda Infernal (com direito a dancinha de líder de torcida e pompom de trevas. POMPOM DE TREVAS! É fuleragem demais pro meu gosto!). A técnica é uma rajada de cosmo que toma a forma de um tornado, capaz de jogar seu adversário diretamente para o mundo dos mortos. Só que...

 

~SCRATCH!~

 

Momento "Mais Você" com Yuna de Águia


Receita de Moqueca de Caranguejo Ômega

Ingredientes:

- Um caranguejo pirado, de preferência um que saiba fazer a Ciranda Infernal
- Sétimo Sentido despertado
- Uma Explosão Brilhante da Águia
- Uma grande poça de lava


        Primeiro, espere o caranguejo pirado a usar a Ciranda Infernal. Certifique-se de que esteja com seu sétimo sentido ativado; então, efetue a Explosão Brilhante. Os dois ataques vão virar tornados. Capriche na aplicação de cosmo nessa Explosão Brilhante, senão a receita não vai dar certo. Aí, a Explosão Brilhante deve engolir a Ciranda Infernal e formar um tornado ainda maior.

 

Sekishiki Meikai Rinbu

(Muito tenso...)

 

        Depois, é só esperar que o tornado jogue o caranguejo na poça de lava. E pronto! Está feita a moqueca!

 

Moqueca de caranguejo


        Er... Bem, pra terminar, vamos fazer um apanhado geral. Em termos de poder, Schiller não ficou devendo; mostrou várias técnicas boas e ainda demonstrou um extenso domínio de cosmo, sendo capaz de usar diferentes elementos (embora, oficialmente, seu elemento seja a água); não seria exagero afirmar que Schiller foi um dos cavaleiros de câncer mais fortes que já pintou. Porém, em termos de caráter, está mais do óbvio que Schiler não valia o sal que comia. E pior, em termos de participação, Schiller foi patético. Além de ter durado só dois episódios, foi o primeiro cavaleiro de ouro a morrer em Omega. Bem, não chega a ser novidade; cavaleiros de câncer têm mesmo uma péssima sina, não importa qual série - o Manigold talvez não chegue a tanto, mas enfim... Que mais direi? Bom, só mais uma coisa: Se vocês realmente estão a fim de ver um palhaço assassino que preste, esqueça o Schiller e procure esse aí embaixo.
 

Killer Clown

(O chefe aprova. Nyenyenyenyaaaahahahahahaha!)

 

        PS.: Pra fechar com chave de ouro, aí vão os esquemas da armadura de câncer de Omega, feitos por Libra no Genbu e Marco Albiero, assim como o desenho do Schiller com traço de CDZ clássico, feito também por Marco Albiero. Apreciem.

 

Cancer Cloth LG

Cancer Cloth MA

Cancer Schiller MA

 

Por Boneco de Neve, que pede cautela com a moqueca. Além de MUITO quente, ela pode ter traços de purpurina. Aprecie a seu próprio risco.