DE OLHO NA COMPETITIVIDADE: SOLDIER'S SOUL

25/11/2015 20:05

 

Em 25 de Setembro de 2015 foi lançado o jogo Saint Seiya – Soldier’s Soul. Tal como eu esperava, o jogo trouxe melhoras drásticas em comparação ao seu antecessor, Saint Seiya – Brave Soldiers. Abaixo falarei mais sobre essas melhoras, em especial no que tange às mecânicas de jogo e também comentarei sobre alguns fatores que deixaram a desejar.

Tal como no meu último artigo, irei ater-me APENAS ao fator COMPETITIVO do jogo na grande maioria dos pontos, então comparações de força entre personagens em mangá, anime e afins são absolutamente irrelevantes.

Fatores positivos:

- Partir para a ofensiva requer mais planejamento: Em Brave Soldiers, o jogador tinha a opção de usar o dodge/passo rápido como forma de corrigir um erro, caso desse whiff em um golpe. Tal opção não existe mais em Soldier’s Soul, fazendo com que erros como esse sejam mais puníveis e diminuindo o fator “hit and run”. Além disso, quando um ataque não atinge o oponente (ou este teleporta), o personagem atacante não mudará de posição, mesmo que continue o combo. Isso faz com que tenhamos mais riscos envolvidos e com que o jogador tenha de ter uma predição mais precisa (por exemplo, não é uma decisão sábia gastar rápido o cosmo. É melhor segurar um pouco para tentar punir um teleporte adversário com um “cosmo dash”). Tornar o jogo mais estratégico é uma mudança realmente interessante e muito bem-vinda.

- Nerf na mecânica de teleportes: Já era hora. O custo desta mecânica era demasiadamente baixo em Brave Soldiers. Em Soldier’s Soul, o custo parece ter aumentado para 30% do máximo da barra de cosmo, o que não é muito diferente dos iniciais 25% de Brave Soldiers. No entanto, a grande sacada está nos usos conseguintes. A cada uso, o custo de cosmo do teleporte aumenta. Por volta do quinto teleporte, ele já gasta aproximadamente 90% da barra máxima de cosmo, o que sobe para 100% no sexto uso. Isso faz com que o jogador pense melhor o seu plano de jogo. Além disso, quando usado, o teleporte não coloca o personagem mais exatamente atrás do adversário, como era no jogo anterior. O usuário é colocado a certa distância do inimigo, no ar. O fato do usuário aparecer no ar (quando o air block nesse jogo foi completamente removido) significa que o teleporte está um pouco mais punível que anteriormente.

- Aumento na velocidade do jogo: Outra mudança muito esperada. Brave Soldiers era tão lento que a velocidade do jogo fazia com que este fosse uma completa piada competitivamente. A mudança na velocidade é tão visível que basta efetuar UM pulo para que a diferença seja notável. Falando em pulos, a aceleração do jogo fez com que o jogo aéreo de Soldier’s Soul se tornasse muito mais relevante em comparação ao jogo anterior. No entanto, nem tudo são rosas, visto que a defesa no ar foi tirada para fins de balanceamento, de forma que não se resolva tudo simplesmente atacando o oponente do ar. Também é válido ressaltar que agora a carga de cosmo é viável devido a essa mudança.

- Viabilização da mecânica de Big Bang: Antes os Big Bangs custavam uma quantia absurda de cosmo - 75% - em um jogo no qual a carga de cosmo era dolorosamente lenta. Agora não mais; Os Big Bangs consomem a barra de Sétimo Sentido. Caso sejam usados sem o Sétimo Sentido estar ativo, a barra de Sétimo sentido irá a zero após a execução do Big Bang, acerte ele ou não. Durante o Sétimo Sentido, o uso de um Big Bang imediatamente encerrará o estado de Sétimo Sentido. Em Brave Soldiers, os Big Bangs normalmente também tinham startups incrivelmente demorados, o que foi drasticamente mudado em Soldier’s Soul. Agora a maioria deles pode ser combado de um simples cosmo dash fora do Sétimo Sentido e de QUASE QUALQUER GOLPE com Sétimo Sentido ativo. Com a possibilidade de cancelar basicamente qualquer golpe com um Big Bang no Sétimo Sentido, a mecânica foi drasticamente viabilizada, além de possibilitar combos mais elaborados. O startup do Sétimo Sentido também foi mudado. Embora sempre encha 100% do medidor de cosmo ao ser ativo, sua invencibilidade foi drasticamente reduzida, tal como seu knockdown, tornando a ativação muito mais punível, o que por sua vez requer mais planejamento do jogador que pretende ativar o Sétimo Sentido. Também vale ressaltar que tanto o Sétimo Sentido quanto o Big Bang perderam potência em relação à Brave Soldiers, o que torna a luta um pouco mais justa ao invés de um player simplesmente ter de levar as mãos à cabeça ao receber um Big Bang/ver o adversário ativar o Sétimo Sentido. Talvez a mudança mais relevante nesse sentido tenha sido o aumento da viabilidade de ambas as mecânicas.

- Consertos no medidor de Cosmo: Como citei em meu último artigo, Brave Soldiers era injusto por dar muitos benefícios a quem jogava mal, mais notavelmente o ganho de cosmo absurdo quando se apanhava. Isso foi modificado em Soldier’s Soul. O ganho de cosmo ao ser atingido foi visivelmente suavizado, recompensando melhor as ofensivas de sucesso bem planejadas. Não apenas isso como a carga de cosmo tornou-se muito mais viável e dinâmica dado o aumento da velocidade em que esta reabastece o medidor de cosmo.

- Variedade nos combos: Com a inserção da mecânica de Fóton (ataque fraco que usa uma quantidade mínima de cosmo) mais combos foram possíveis. Embora boa parte dos Fótons não ajude tanto quanto deveria em combos, há exceções notáveis, como o caso de Alberich ou de Afrodite (versão Normal e Espectro. A Divina não se enquadra nisso), que possuem combos mais técnicos com o uso de seus Fótons. Não só isso como a adição das variações de combo aéreo e a possibilidade de combar Big Bangs acabou por tornar os combos muito menos monótonos, aliviando um pouco o mashing inconveniente.

Fatores negativos

- Desbalanceamento
: Alguns problemas de balanceamento de Brave Soldiers foram consertados, como por exemplo os de Poseidon e Bian, porém apareceram doze novos problemas. O número é curioso? Sim, provavelmente você, leitor, está certo: Os doze cavaleiros de ouro em suas armaduras divinas. O ganho de Sétimo Sentido destes é visível e drasticamente superior ao de todos os outros personagens do cast (lembrete: O fato de serem poderosos na série ou o que for é
irrelevante quando estamos falando de competitividade em um jogo). Isso cria uma série de desequilíbrios, porém não pense que para por aí. Tem mais. Com todos os doze, há uma mudança em seus golpes Fóton enquanto estão no Sétimo Sentido (que eles já pegam muito mais facilmente). Os Fóton dos doze Golds Divinos mudam de propriedades e tem seus danos visivelmente aumentados durante o Sétimo sentido. Como se não fosse o suficiente, os Big Bangs especiais de cada um deles (exceto o pobre Dohko) possuem startups e/ou range insanos. Nada contra os Big Bangs, no entanto. É até justo considerando os personagens, porém o problema do ganho de Sétimo Sentido não pode ser ignorado e requer um patch de rebalanceamento.
Fora os doze Golds divinos, temos Atena infernizando de novo, dessa vez com um damage output estelar, porém ela é menos urgente que os doze.

Personagens ausentes (
fator NÃO-COMPETITIVO): Personagens icônicos ficaram de fora. Alguns causam mais espanto que outros. Misty (que esteve presente em Chapter Sanctuary), Algol, talvez Daidaros/Albion seriam ótimos candidatos visto suas lutas relevantes – ainda que parcialmente – na história, porém o que me causou grande surpresa foi a ausência dos Guerreiros Deuses de Soul of Gold (e junto a ausência de Andreas/Loki). O jogo inegavelmente pegou carona na propaganda de Soul of Gold, logo me parece desperdício não tê-los incluído nem ao menos como DLC – o que, aliás, está em falta em Soldier’s Soul. Uma possível explicação seria estarem segurando isso para um próximo jogo, contendo a história de Soul of Gold completa.

Falhas no timing da dublagem (
fator NÃO-COMPETITIVO): Diversas falas, em especial nas intros/winning quotes e Big Bangs estão demasiadamente espaçadas/pausadas, tornando-as pouco naturais. E.g.: Big Bang do Siegfried
Provavelmente deve ter sido um problema ao encaixar as falas no jogo, porém é suavemente desconfortável. Fora isso, a dublagem está ótima e todos os dubladores envolvidos estão de parabéns.

Conclusão

Certamente a Bandai/NAMCO aprendeu muito com os erros cometidos em Brave Soldiers. Embora algumas coisas ainda tenham de melhorar, Saint Seiya – Soldier’s Soul é, sem qualquer sombra de dúvida, vastamente superior a seu antecessor. O jogo é ótimo e está muito melhor no setor competitivo, podendo finalmente ser levado mais a sério. É uma aquisição que obviamente agrada aos fãs, porém finalmente encontra-se mais refinada para os que desejam levar o jogo para o lado mais competitivo.